A operação denominada "Carbono Oculto", mira uma facção criminosa envolvida em crimes como adulteração de combustíveis, lavagem de dinheiro e fraude fiscal.

Uma megaoperação conjunta entre as forças Policiais realizada nesta quinta-feira (28), desarticulou um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis, em todo o País e em São Paulo.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP), a Operação denominada "Carbono Oculto", teve início em São Paulo e mira uma facção criminosa envolvida em crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.
Ainda segundo a SSP, ao todo foram mobilizados cerca de 1,4 mil agentes, em uma força-tarefa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), Receita Federal (RF) e também das Policias Militar e Civil.
Foram cumpridos em São Paulo 156 mandatos de busca e apreensão, numa Operação que mobilizou cerca de 776 Policiais. Participaram também 160 auditores fiscais, que foram responsáveis pela apreensão digital de documentos e da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE/SP).
Conforme o Ministério Público (MP), para desarticular o esquema, foi necessário localizar os destinatários finais do dinheiro, usando técnicas e conhecimento sobre o modo de atuação dos criminosos, enquanto a Receita Federal (RF) capturou os dados financeiros necessários que permitem identificar os beneficiários.
O MP descobriu ainda, irregularidades em diversas etapas no processo de produção e distribuição em mais de 300 postos de combustíveis no estado de São Paulo. Segundo a Polícia, há sérios indícios de que os investigados simulavam a compra dessas redes de Postos para ampliar o esquema criminoso, porém os próprios criminosos não pagavam aos proprietários. Caso os Proprietários os cobrassem, eram ameaçados de morte.

Durante entrega de moradias na manhã desta quinta-feira (28), na cidade de Matão, região Central de São Paulo, o governador do Estado Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse em entrevista a imprensa que o crime organizado será atacado com força pelas forças de segurança:
“Desde 2023, a gente está trabalhando na área de inteligência para mapear essa situação. O Brasil, infelizmente, tem muitas brechas para isso. São regimes especiais tributários que às vezes são concedidos, importações de um determinado tipo de produto para ser utilizado na indústria química, mas, chega aqui, ele é rebeneficiado e acaba chegando aos postos. Essas operações ilícitas foram sendo mapeadas e a gente teve a eclosão hoje da Carbono Oculto, que é uma resposta do estado com relação a essa inserção do crime no setor de combustíveis (…) E a gente está dando uma demonstração que não existe lugar que a gente não vá atacar o crime organizado”, disse Tarcísio.

Durante coletiva de imprensa realizada na sede do Ministério Público (MP-SP), na manhã desta quinta-feira (28), o Secretario de Segurança do Estado, Guilherme Derrite, pontuou que foi a maior Operação da História em São Paulo e em todo País:
“Hoje, deflagramos a maior operação da história para esse tipo de combate. Uma operação estritamente de inteligência. Somente uma das 200 empresas investigadas nessa operação tem uma dívida fiscal com o Estado de São Paulo de mais de R$ 7,5 bilhões”, contou Derrite.
De acordo com o Ministério Público (MP), outra fraude investigada era a importação irregular do metanol. O produto, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, não seria entregue aos destinatários indicados nas notas fiscais, sendo desviado e transportado clandestinamente para outro lugar e utilizado para adulterar combustíveis.
Para ocultar os verdadeiros beneficiários dos lucros ilícitos, os ganhos eram distribuídos por meio de uma rede de pessoas interpostas, que eram usadas como laranjas, camadas societárias e financeiras, fundos de investimento e instituições de pagamento.
Parte substancial desses recursos foi usada para comprar usinas sucroalcooleiras e expandir a atuação criminosa em distribuidoras, transportadoras e postos de combustíveis.
Fotos: Divulgação/Secom.
Tags
POLÍCIA